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Capítulo 21: Boeing Fatale

Música Recomendada: After The Crash - Michael McCann

Abdul-Malik, o servo do mestre, amarrado voluntariamente a um vasto colete islâmico, abarrotado até ao pescoço com engenhos explosivos de fabrico artesanal, vociferava convictamente os manuscritos sagrados do intocável “Alcorão”, naquele acto epifânio que antecedia a cremação do seu corpo esbanjado numa moeda de pó.
Ajoelhado na alcatifa manchada de vida, aos pés dos dois comandantes apunhalados, brutalmente retalhados com três golpes perfeitos desferidos na nuca, o terrorista muçulmano, sadicamente empedernido no habitáculo de pilotagem, executava o derradeiro rito para despenhar o "boeing fatale", no coração inocente das indestrutíveis torres gémeas do “World Trade Center“. Naquele segundo funesto, após a queda abrupta das máscaras de oxigénio sabotadas, eu rastejava verticalmente para proteger com adarga a minha família de porcelana que juntamente com os restantes indivíduos da tripulação aterrorizada, sucumbiam num sono asfixiante, induzido pela densa nuvem de gás “Sarin“ que paralisava as principais funções motoras daquela gentalha atordoada, compelida a validar a concordata xiita de uma “Guerra Santa“ aparentemente silenciosa.
Os gemidos abafados de agonia, extinguiam-se na tempestade furiosa do justiceiro espezinhado pelo mundo, no âmago das suas crenças mais obscuras, suportadas pela bandana de sangue que esvoaçava amedrontada naquele bafejo periclitante, sorvido pelos poros latejantes dos membros superiores que deslizavam pela vidraça suada do cockpit sequestrado, forrado com um papel higiénico vulgar com “ganas” de gritar a sua “Jihad“. Cedi no corredor venenoso das Termópilas, quase a alcançar o braço puerício do meu bondoso filhote, encurralado na pilha de assentos obesos, empacotados rigidamente com os cintos de segurança encravados em cada cintura, como sarcófagos improvisados em câmara-ardente, chupados pelo vórtice elíptico do animal dos céus abatido endogenamente.
As minhas persianas venezianas, desligavam potestativamente os vidros fumados das duas janelas britânicas, constrangidas pela inópia biológica do sistema imunitário ameaçado, imiscuído no estado tórpido mas vigilante dos sentidos. As asas elásticas do falcão colossal, torciam com a violência atroz da força gravitacional, mastigadas pelas turbinas aguçadas dos reactores tuberculosos que vomitavam piroclastos de “penas sólidas“, quase a calcinar numa cratera de vítimas humanas.
Mumificados para uma morte obediente, as burjacas de batata com pele, descascavam-se imaculadamente com o terramoto aéreo, encomendado inconscientemente por aquele paciente magnânimo que sofre de um transtorno dissociativo de identidade, Jesus do bem, Judas do mal.
Eu sou o passageiro registado com o número treze, sobrevivi os últimos dez anos da minha vida desprezível, ligado a um ventilador artificial, pregado à solidão de uma cama hospitalar, um vegetal fora do prazo de validade em estado de coma, perdido nas vivências alienígenas do meu “alter-ego“, num universo paralelo e esquizofrénico onde só eu posso entrar…

P.S – O resto da verdade anda por aí…

A Continuar...

Autora Da Imagem: Maria Teixeira Em: http://Olhares.aeiou.pt/alive


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1 comentário:

Maria Inês Teixeira disse...

Boa tarde!
Bem, eu já tinha passado por aqui a ler o texto, no entanto é verdade que faltava um merecido comentário!

Quero agradecer antes de mais pelo uso da minha imagem, sinto-me lisonjeada em participar numa obra tão forte e original, para não falar na banda sonora escolhida para acompanhar que serve na perfeição.

Não sei por onde começar, não posso falar só do texto, nem só da imagem, nem só da música: todos os elementos se conjugam na perfeição, acho que o projecto deve continuar e desejo muito boa sorte na sua divulgação, sei que vai ser reconhecido :)

Os meus maiores agradecimentos, não só pela divulgação da minha fotografia, mas pela oportunidade que me foi dada de conhecer este projecto!

 
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